Este texto, além de profundo, empírico e com muito discernimento é de um amigo de faculdade (no começo), mas agora de partido e pessoal, que traduz uma história de paixão para com uma agremiação, bem como coorelaciona com sua perda particular de um ente.
Ao qual reproduzo!
Nelsinho
Um Ano depois
Júlio Lázaro Torma
" Brasil,Brasil,Brasil
As tuas cores são nosso sangue
e nossa raça
Brasil, Brasil, Brasil
Força e vontade cheio de graça
Brasil, Brasil, Brasil
Nós este ano,vamos vencer
Salve o Brasil"
( compositor José Costa
interprete: Os Santos)
O mês de Janeiro de 2009,na cidade de Pelotas,para o povo pelotense e para a chamada Zona Sul,os municípios que circunvizinham o município de Pelotas,foi o mês do "Perro Loco" ou do " cachorro louco",onde conforme o ditado popular a bruxa andava solta.
No dia 15 de janeiro, o time mais popular da cidade vai jogar um amistoso no município de Vale do Sol, no vale do Rio Pardo,contra o time do Santa Cruz, do município de Santa Cruz do Sul( RS),onde o Grêmio Esportivo Brasil,venceu o Santa Cruz por 2 a 1.
O Grêmio Esportivo Brasil que se preparava para se classificar para a série C do brasileirão. A noite de 15 de janeiro de 2009,assim como aquela manhã de sol e céu azul não sairá da memória da torcida xavante,como das torcidas do Sporte Clube Pelotas (o Lobão), o Grêmio Atlético Farroupilha ( o Fantasma),assim como do povo pelotense e da região sul do estado do Rio Grande do Sul.
Nesta noite de 15 de janeiro numa curva do entroncamento das BR 392 e RS 471,onde se avista a imensidão das coxilhas e do pampa,no distrito de Faxinal no município de Canguçu (RS),AS 23:40 min,num acidente onde o ônibus da delegação xavante cai num barranco de 40 metros,perdemos o goleiro Régis Gouveia Alves de Pelotas ( 1980-2009),o artilheiro uruguaio,o atacante Claudio Milar ( Chuy 1974-2009) e o preparador de goleiros Giovani Guimarães. O acidente mostrou a humanidade do ex goleiro Danrlei de Deus do Grêmio Portalegrense,que dez dias antes havia assinado contrato com o Grêmio Esportivo Brasil,que mostrou o sinal de Deus ao pedir socorro e ajudar os seus companheiros de time,que estavam feridos e a retirar os mortos.
As primeiras horas do dia 16,as rádios anunciavam a tragédia,todos nós ficamos chocados,pois a dor, tristeza e o sofrimento une os desiguais,podemos ser torcedores de times rivais,classes sociais distintos,ideologias e religiões antagônicas,gostar ou não de futebol, mas nesta hora nos unimos e nos irmanamos,reconhecendo que somos frágeis e pequeninos.
O Xavante,índio guerreiro destemido,nesta hora de dor ficou frágil,o estádio do Bento Freitas local de alegrias da terceira maior torcida do estado e da maior torcida e popular do interior gaúcho,se converteu num vale de lágrimas diante dos seus guerreiros mortos.
A torcida fiel e fanática em sua grande maioria moradores dos bairros e vilas pobres da periferia de Pelotas,sai as ruas e avenidas ao estádio para referenciar os seus heróis e guerreiros,a massa mostra em que estão com o seu time do coração em todas as horas,nos momentos de alegria e de tristeza,ao mesmo tempo mostram a sua esperança e garra de guerreiros.
O povo pobre de forma ordeira acompanha nas ruas e avenidas a última viagem de seus guerreiros,como no cortejo de Régis e Giovani até o cemitério Ecumênico São Francisco de Paula,os que veraneavam nas praias do extremo sul do estado e no Uruguay,acompanharam as últimas homenagem a Claudio Milar no Chuy,mostrando a sua paixão e carinho por aquele que é o seu time do coração e principalmente por aqueles que com carinho e dedicação ao seu trabalho souberam mais do que ninguém conquistar o coração e a admiração desta massa fiel e guerreira.
Após a tragédia do Brasil,tivemos as enchentes que trouxeram destruição e percas humanas que são irreparáveis, assim como também perdi o meu querido pai Odon.
Um ano se passou do mês do perro loco,mas como pelotenses,mostramos ao mundo que não desistimos nunca e das cinzas sabemos nos erguer e ir a luta com garra de um guerreiro xavante.Os nossos mortos nos dão força e coragem para continuarmos a nossa caminhada,como canta o hino do xavante,"com força e vontade cheio de graça,neste ano vamos vencer",como pelotenses não desistimos nunca.
________________________________
Sobre a trágedia do Brasil de Pelotas,foi escrito o livro, " A Noite que Não Acabou",300 páginas, Ed. Livraria Mundial,Pelotas ,2009; do reporter fotógrafico Nauro Júnior da secursal do jornal Zero Hora de Pelotas e do jornalista Eduardo Cecconi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário