quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Felicidade Humana em Severino Boécio

A Felicidade Humana em Severino Boécio

POR: Júlio Lázaro Torma

O livro de Anicius Manlius Torquatus Severinus Boethius ou de Anicio Mânlio Severino Boécio ( 475-524 d.C), escrito numa fase peculiar na vida do autor,no seu desterro,quando está na prisão de Pávia, acusado de trair o Rei Flavius Theodoricus, ou Teodorico ( 454-526).
O livro Consolação da Filosofia ou "De Consolatione Philosophie", dialogo do autor com a Filosofia na hora de espera da execução da sentença de morte.
O que o leva a crer relembrando a filosofia grega e ao encontrar o primeiro amor, em prosa e verso, ele faz este diálogo com a sua amada musa Filosofia, que vem no momento derradeiro, socorre-lo e ampará-lo.Em um dialogo entre o homem e a filosofia, ele nos fala sobre a " Felicidade Humana", no livro III.
Segundo ele a " felicidade consiste num estado perfeito pela congregação de todos os bens".  Para alguns a felicidade consiste na glória, gozo e alegria e nos prazeres desemfreados, pensando na riqueza e na fama.
Os bens corporais se referem à força; imponência parece conferir valentia; beleza e agilidade, celebridade, a saúde parece conferir deleite. Pois quem procura uma coisa parece todas as outras como bem supremo.
Diante dos olhos humanos a imagem da felicidade humana é a riqueza, honra, poder, glória e prazeres que, segundo Epicuro, o prazer é o bem maior que contribui para a felicidade do ser humano. Não se pode provar que a ansiedade, tristeza, as dores e os sofrimentos estão excluidas do deleite.
Eis que todos os seres humanos têm o desejo natural de encontrar a felicidade. Para alguns, por exemplo, ela pode vir através do dinheiro. A filosofia faz ele refletir se era feliz no tempo em que era rico e tinha status, e lhe mostra que o dinheiro não consegue dar felicidade ao ser humano. Pois ele trás disputas entre os homens como a fraude, roubo e a corrupção.
A riqueza não pode suprimir as necessidades humanas como a fome, sede e o frio, pois a natureza se contenta com o mínimo, enquanto nada pode superar a avareza.
Os cargos podem tornar as pessoas honradas e respeitadas, mas não afastam delas os vícios e a maldade, mas pode aumentar a desonra das pessoas que os ocupam. A virtude, esta sim, possui uma dignidade própria que se transfunde a quem a possui, nenhum possuidor de cargo se torna honrado, se estiver rodeado de criminosos.
O reino e a familiaridade com reis podem deixar alguém poderoso?, pois para a filosofia a amizade com os reis e a política não trás felicidade, por completo, mas miséria. O tirano tem medo de sua condição, assim como os poderosos gostariam de viver em segurança, mas não conseguem e se orgulham do poder. Os governos ( reinos) estão cheios de imbecis, ela cita os exemplos de Nero que mata Sêneca; Antonino que mata os soldados que o cortejavam. Para ela, o poder causa temor  e não segurança. E os amigos conquistados pelo poder são interesseiros e inimigos, diferente daqueles conquistados pela virtude.
A glória é considerada enganosa e quão ignominiosa, como escrevia o poeta trágico Eurípides.
" O glória, o glória, que tornas grande a vida de milhares de homens insignificantes".
Muitos obtém a glória devido a opinião pública, com virtudes que não têm. O sábio mede o próprio valor não com o metro da popularidade, mas pela realidade da consciência?
É muito bonito propagar o próprio nome e se tornar odioso quando não se é difundido. A pessoa pode ser famoso aqui,mas na região vizinha não.
A popularidade não provem do raciocínio e nem se mantém. Para ela os títulos de nobreza são vazios e se eles têm valor é de impor aos nobres a obrigação de não degenerar a virtude dos antepassados.
Os deleites corporais, os vícios enchem a ansiedade, quando saciados, mas causam enfermidades, dores. Recordar a luxúria deve saber da tristeza que trás o fim dos prazeres. Os animais têm felicidade pois a sua felicidade está em satisfazer as necessidades do corpo. O prazer honesto é aquele em que a familia (mulher e filhos trazem). O homem ao perder sente esta falta em que Eurípides diz:
"aquele que não tem filhos é feliz em seu infortúnio".
Segundo a filosofia os caminhos para a felicidade são aberrantes e não conseguem levar ninguém  àquilo que prometem. Ao acumular dinheiro, devemos tirar de quem possui. SE QUERES DIGNIDADE PEDE A QUEM PODE DAR. O poder está sujeito a traição e perigo. Glória , caminhos ásperos que não dão segurança.
A Felicidade, segundo Boécio, não tem caminhos. Estas felicidades apresentadas são, segundo a filosofia, falsas e ilusórias.
O homem procura a felicidade em algo e ali não encontra, onde  lhe é prometido, mas ela está num lado contrário do que foi prometida. No fim do diálogo, a filosofia contraria usando Platão na obra Timeu: de que a verdadeira felicidade está no lado sagrado.
O dialogo de Boécio termina com uma oração da Filosofia de reconhecimento e louvor ao Supremo Bem.

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