Coloco abaixo, mais um texto muito interessante e atual, de uma professora, amiga e colaboradora.
Boa leitura!
Crise para mudança
Por: Ana Helena Beckencamp
Trabalhadores e trabalhadoras precisam entender mais sua condição frágil no labirinto da economia internacional.
Observei no caixa de uma loja central que o atendimento ali era feito por moças, belas jovens, provavelmente entre 18 e 24 anos, não mais. Isto remete a um dos mecanismos utilizados para a seleção de empregos. Nada de mais. No entanto, ao aprofundar a reflexão sobre a crise do capitalismo desenfreado, percebe-se que para obter-se um emprego há alguns critérios indispensáveis, em especial na área comercial, entre eles a boa aparência.
Mas a boa aparência depende do olhar que tenho. E de pronto aparece a juventude, depois a beleza, depois o feminino, com algumas exceções, e finalmente que a candidata seja branca. Assim vi a seleção da loja porque naquele espaço de atendimento elas representavam o perfeito modelo juvenil da beleza feminina.
Vendo assim, poucas pessoas terão – e agora ainda menos – chances de obter sua sobrevivência. A população brasileira que procura um emprego precisa frequentar academias, vestir-se bem (este bem deve ser fashion) e ajudar a consumir com elegância e respeito, mesmo que o salário seja indigno.
Diante desta análise simples e reduzida acima, penso, grosso modo, na capacidade e preparação de técnicos em áreas específicas, retornando discussão oportuna sobre a educação de nossas crianças e jovens, principalmente no interior da escola pública, onde estão os filhos e filhas de trabalhadores/as.
Pergunta-se, acerca da crise, se ela teria chegado à escola. A resposta é sim, e há muito professores e professoras ajudando a aprofundar o quanto ela significa como instrumento libertador das condições opressoras do contexto neoliberal, discutindo sobre o papel dessa escola, que seja humanizador e transformador das relações injustas em que vivemos.
O lugar do trabalho é para todos/as, sem diferenças de idade, cor, sexo e tantas outras desigualdades criadas pelos que expropriam capital dos mais pobres..
Há sempre construção de outros caminhos numa crise. Que seja possível mudar o rumo para mais justiça e dignidade, entendendo que a esperança e a solidariedade são acumuladas e vividas pelos que têm oportunidades iguais.
Mas isso é ideia para viver num outro mundo possível, como reafirmamos na organização popular, nos sindicatos, nos movimentos sociais e no cotidiano de nossas atitudes.
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