segunda-feira, 13 de abril de 2009

IMAGEM, SONHO E CORAÇÃO


Caros amigos, por gostar de cultura, de oportunidades, solidariedade e conhecimento. Por contarmos com pessoas que investem nesse tipo de trabalho, assim como pessoas que os apóiam é que coloco este texto muito bacana e de extrema importância para nossos artistas!


Texto escrito pela minha grande amiga VERA LÚCIA PINHEIRO DE OLIVEIRA!



"Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro"
Gaston Miron

IMAGEM, SONHO E CORAÇÃO

Que o Tholl é referência cultural no país inteiro, todos sabem! Que o Tholl, através do seu idealizador João Bachilli, dá oportunidade a muitos jovens de desenvolverem seu talento artístico, a maioria reconhece (a Oficina Caça-Talentos possui uma taxa de inscrição, mas não acredito que um artista em potencial seja recusado por falta de dinheiro)! O que muitos desconheciam – inclusive, eu – é o engajamento do grupo nas grandes tragédias que adiam conquistas e nas chagas sociais que ceifam esperanças. A preocupação com o próximo. A disposição de dividir o que eles têm com aqueles que perderam muito do que tinham ou não têm acesso ao pouco que é oferecido.
Começou com a solidariedade ao Grêmio Esportivo Brasil, quando enfeitaram o gramado do Estádio Bento Freitas de esperança. Depois, colocaram as precárias instalações à disposição de quem quisesse fazer doações para os flagelados, retribuindo com amor a indiferença de quem lhes nega a oportunidade de uma sede própria. Seguiu-se a arrecadação de material escolar, para dar uma chance a quem sabe quantos futuros artistas. Um workshop inédito na cidade ensinou aos interessados os mistérios de voar. E, em sua mais recente ação, arrecadou mais de uma tonelada de alimentos com um espetáculo emocionante, cujo ingresso era simplesmente amor ao próximo.
E aí, a gente tem que falar! Não dá para se calar diante das injustiças e da dor, mas também não há como ficar indiferente à solidariedade. Sempre defendi a parcimônia, pesos iguais, equilíbrio... Se for para vaiar, que se tenha coragem; mas se for para aplaudir, que se tome a iniciativa – e o Tholl é para aplaudir de pé, pelo quase nada que pede e pelo muito que nos dá!
Vejo muitos segmentos sócio-culturais que vivem pedindo auxílio, justificando campanhas, apelando à boa vontade da população, mas dando muito pouco em troca (na verdade, não se doam; apenas transferem o que recebem para patrocinar seus próprios interesses). E vejo esse grupo que nasceu pequeno, despretensioso, tomar iniciativas tão belas quanto o são seus espetáculos.
Sempre tento encontrar uma explicação para tudo, porque me parece que nada acontece por acaso e o que recebemos é a retribuição exata por cada ato que praticamos.
No caso do Tholl, o sucesso a nível nacional parece ser uma resposta à humildade dos seus integrantes e à nobreza dos seus propósitos. Acho que, em seus espetáculos, a luz não vem somente dos refletores, mas de um brilho próprio que só adquirem aqueles que enxergam além da percepção do próprio talento.
Imagem e sonho fazem um espetáculo. Mas imagem, sonho e amor ao próximo são o espetáculo!
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Nunca gostei de circos, nem mesmo quando criança. Acho que sempre me dei conta da crueldade que existe em fazer um elefante, com todo o seu peso, desfilar pelo picadeiro apoiado nas duas patas traseiras.
Mas, comecei a assistir pela televisão às apresentações do Circ du Sol'eil e percebi que, sim, a arte circense existia e era possível recriá-la com arte e magia, sem sacrificar indefesos animais.
Do grupo canadense ao Tholl foi um pulo. Para falar a verdade, um salto enorme no início; hoje, pouco mais que um passo. Resguardadas as proporções de estrutura e investimento, os espetáculos da trouppé pelotense crescem a cada apresentação e a cada demonstração de afeto pela comunidade que sempre a admirou.
Parabéns, Tholl, pelo espetáculo que nos estão proporcionando e pelo exemplo que estão dando a toda essa gurizada que nos faz acreditar no futuro.
Parabéns, principalmente, pelo comprometimento com a nossa terra e a nossa gente. É isso que nos faz ter esperança e acreditar que é possível fazer História sem abrir mão da própria história.


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